Grandes diretoras do cinema brasileiro atual

por Gustavo Fontele Dourado

O cinema mundial tem diretoras marcantes, porém nem tão lembradas ou citadas pela importância de sua trajetória ou a importância que deveriam ter nas memórias das pessoas. Nomes como Alice Guy-Blanché (visionária esquecida que inventou tanto ou mais do que D.W Griffith), Marion Wong (uma das primeiras diretoras do cinema), Forugh Farrokhzad (uma das grandes poetisas do século XX e uma das pessoas que melhor uniu literatura com cinema), Germaine Dulac (diretora de obras-primas como a Sorridente Madame Beudet (1923)), Věra Chytilová (grande representante do cinema Tcheco), Lois Weber (uma das primeiras cineastas autorais da história), Larisa Shepitko (fez The Ascent (1977), um dos filmes que melhor representou a 2ª Guerra Mundial), Lucrecia Martel (a mais talentosa cineasta da América Latina).

Esta lista mostra algumas das diretoras mais impactantes do cinema brasileiro atual, algumas mais lembradas e outras ainda mais ligadas na obscuridade. Assim como no cinema mundial, as diretoras e cineastas merecem mais memórias e lembranças no conteúdo produzido no cinema. Seguindo a força de Cléo de Verberena, primeira diretora do Brasil, muitos nomes marcam presença com a expansão considerável da quantidade de diretoras a partir dos anos 90 e, nos anos 2000 e 2010, a continuidade se mantém. Esta lista prioriza os nomes nos anos 2000 e 2010.

Sugestões de leitura:

  • Brazilian Women’s Filmmaking: From Dictatorship to Democracy. LESLIE L. MARSH.
  • Gender and Society in Contemporary Brazilian Cinema. DAVID WILLIAM FOSTER.
  • The Retomada and beyond: female narrative agency in contemporary Brazilian cinema (1997-2006). MIRANDA KATE SHAW.
  • Women of Brazil: (Mis)Contested Female Identities in Contemporary Brazilian Cinema. TATIANA SIGNORELLI HEISE.

Juliana Rojas

1

Com  carreira constante de filmes ótimos, Juliana já dirigiu os surpreendentes Sinfonia da Necrópole (2014) e Trabalhar Cansa (2011), além de uma série de curtas premiados internacionalmente. Renovou o gênero de terror no Brasil e uma das que mais trazem originalidade sobre a temática da morte. E 2017 vem mais um longa!

Anna Muylaert

2

A diretora mais comentada dos últimos tempos no Brasil, uma das que mais produzem no país. Fez os memoráveis Durval Discos (2002) com seu hipertexto sobre o pop brasileiro e o sucesso de crítica e público a respeito de dramas sociais Que horas ela Volta? (2015).

Yasmin Thayná

7

Uma das poucas diretoras negras que vem se destacando mais na mídia. Quer sacudir a ordem hierárquica vigente no cinema brasileiro. Já causou grande repercussão com o curta KBELA, financiado com poucos recursos, mas muito bem realizado. Imagine quando fizer seu primeiro longa! Coordena o Afroflix, plataforma para o cinema negro.

Sabrina Fidalgo

4

Com uma jornada acadêmica e artística desde cedo, Sabrina já dirigiu vários curtas que passaram em festivais internacionais e um média para a televisão. Coordena o programa de web TV SuperBapho. Segue com uma das pessoas mais promissoras pros próximos anos do cinema brasileiro. Cinema Mudo (2012), Personal Vivator (2014) e Rio Encantado (2014).

Anita Rocha da Silveira

5

Em primeiro longa, Mate-me por favor (2015), ganhou exibição em Veneza e Munique. Também renova o gênero de terror e suspense no país, fica como uma das grandes possibilidades de renovação da linguagem cinematográfica e marca ao por em festivais internacionais importantes um gênero pouco valorizado pela intelligentsia dos cineastas.

Tânia Anaya

1

Um dos principais nomes da etnografia visual e da animação no Brasil. Dirigiu o longa Nimuendaju, patrocinado pelo BNDES no edital de 2014. Balançando na gangorra (1994), Castelos de vento (1998), Ágtux  (2005) são alguns de seus curtas.

Lilian Santiago

7

Além de ser importante produtora como nos filmes Os Matadores (1997) e A Hora Mágica (1998), é docente importante em São Paulo e dirigiu os curtas: Balé de Pé no Chão (2005), Graffiti (2008) e Eu tenho a palavra (2010).

Cris Ventura

2

Nas minhas mãos eu não quero pregos (2012) é um mais representativos documentários biográficos produzidos no país e lançado em Tiradentes em 2013. Também já fez curtas experimentais.

Dácia Ibiapina

9

Formada em engenharia e mestre em comunicação pela UnB. Faz curtas desde os anos 80 e fez seu primeiro longa recentemente: Entorno da Beleza (2012) e que lançou em Tiradentes. É uma das principais documentaristas de Brasília.

Eliane Caffé

10

Narradores de Javé (2003) já é considerado um clássico e está presente na maioria das listas sobre cinema nacional. O Sol do Meio Dia (2009) também teve grande impacto na cinematografia e se firma como uma das cineastas mais atuantes com 5 longas em 15 anos e outros curtas.

Tata Amaral

11

Também atua desde os anos 80 e se firma como um dos principais nomes a partir da segunda metade dos anos 90. Sua principal obra é Hoje (2011), co-produzido com a HBO e de excelentes atuações.

Maria Augusta Ramos

12

Importante documentarista que não é tanto lembrada hoje. Ganhou vários prêmios com Justiça (2004) e Juízo (2008). Teve carreira de curta-metragista na Holanda. Fechou sua trilogia sobre a justiça em Morro dos Prazeres (2013).

Rosane Svartman

13

Diretora que nasceu nos Estados Unidos e veio para o Brasil quando criança. Fez vários filmes que passaram no circuito comercial como Mais uma Vez Amor (2005), Desenrola (2011), Tainá – A Origem (2013).

Sandra Kogut

14

Passaporte Húngaro (2001) é excelente e um dos melhores documentários já feitos no Brasil. Muito antropológico sem ser do ofício. Fez Mutum (2007) e agora o Campo Grande (2016). Faz muitos trabalhos com montagem não-linear.

Maria Clara Escobar

15

Prolífica trajetória para a sua idade, já dirigiu o longa Dias com ele (2013) e escreveu Histórias que só existem quando lembradas (2011). Parece que há muitas ideias por vir, fábrica de ideias.

Marília Rocha

16

Desde 2005 já faz longas-metragens: Aboio (2005), Acácio (2008), A Falta que me faz (2009) e a Cidade onde envelheço (2016). Grande percurso e muitas produções, além de ser uma das documentaristas mais internacionais do país.

Laís Bodanzky

17

Bicho de 7 cabeças (2001) é clássico, porém depois disso Laís teve uma pausa e só dirigiu o próximo filme com Chega de Saudade (2008) e desde então apresenta mais constância com o As Melhores Coisas do Mundo (2010) e a sequência O Ser Transparente em Mundo Invisível (2011), Mulheres olímpicas (2013). Atualmente está na pós-produção de Como nossos pais.

Lina Chamie

18

Diretora importante na expansão das mulheres para a função nos anos 90. Dirige seu primeiro curta em 1995 com Eu sei que você sabe e faz seu primeiro longa em 2000 com Tônica dominante. Fez o segundo longa A Via Láctea (2007) e recentemente fez trabalhos para a TV.

Petra Costa

19

Cineasta que já atuou em várias outras funções, dirigiu os longas Elena (2012) e O Olmo e a Cegonha (2014). Tem percurso acadêmico importante e a tendência é se firmar como uma das principais cineastas nos próximos anos.

Marina Person

20

Fez o belíssimo documentário sobre seu pai, Person (2006), tem carreira importante na TV. Fez alguns curtas nos anos 90 e pretende se ocupar com outros projetos.

Kátia Lund

22

Uma das diretoras mais influentes nos anos 2000 e 2010, seu documentário Notícias de uma guerra particular (1999) inspirou vários filmes sobre a temática. Já trabalhou com Spike Lee no videoclipe de Michael Jackson e foi essencial para Cidade de Deus (2002), lançou um episódio do filme All Invisible Children (2005) e fez a série (FDP) (2012), produzida pela HBO.

Lúcia Murat

21

Com 10 longas no currículo, se firma como uma das diretoras que mais fez filmes. A memória que me contam (2013), Uma Longa Viagem (2011), Maré, Nossa História de Amor (2007), Olhar Estrangeiro (2006), Quase Dois Irmãos (2004), Brava Gente Brasileira (2000) são os seus filmes nas duas últimas décadas.

Helena Solberg

23

A única mulher a ser diretora no cinema novo deixa seu legado e continuou produzindo ao longo dos anos. Hoje é pouco lembrada pelas suas produções mais recentes, apesar de ter ganho muitos filmes em Gramado com Vida de Menina (2005) e Palavra Encantada (2009). Em 2013 fez A Alma da Gente.

Renata Pinheiro

24

É diretora de arte de alguns dos principais filmes dos anos 2000 e 2010 como Tatuagem (2013), A Febre do Rato (2011) e A Festa da Menina Morta (2009). Fez seu primeiro longa em Amor, Plástico e Barulho (2013) que foi exibido no maior festival do país. Atualmente finaliza o longa Açúcar.

Karen Harley

3.png

Provavelmente a maior editora viva do Brasil. Seu currículo é espetacular e co-dirigiu Lixo Extraordinário (2010), que foi indicado ao Oscar de documentário. Editou Que Horas Ela Volta? (2015) e Era Uma Vez Eu, Verônica (2012).

Gabriela Almeida

27

Outra estreante nos longas com A sombra do pai que ainda será lançado, roteiro ganhou prêmio em Sundance. Já dirigiu vários curtas e um deles foi indicado melhor curta no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

Daniela Thomas

28

Já trabalhou muito com Walter Salles, porém ela não ficou na sombra do mesmo só é muito menos lembrada. Dirigiu os singulares Insolação (2009), O primeiro dia (1998), Linha de Passe (2008), Terra Estrangeira (1995) – ótimos filmes. Já dirigiu o segmento Loin du 16e para Paris, Eu te Amo (2006) e Voyage para o Stories on Human Rights (2008). Completou o seu primeiro filme que assinará a direção sozinha: Vazante (2016).

Monique Gardenberg

29

Produtora cultural experiente, cursou a New Y0rk University e fez alguns curtas lá como Insônia e Day 67. Fez o primeiro longa em 1996 com Jenipapo. Dirigiu o sucesso Ó pai, ó (2007) e pretende fazer uma sequência.

Alice de Andrade

30

Dirigiu Diabo a Quatro (2004), Histórias cruzadas (2008) e Memória cubana (2010). Tem carreira extensa no cinema em outras funções. Filha de Joaquim Pedro de Andrade.

 

Ana Rieper

31

Teve seu primeiro longa com Vou Rifar Meu Coração (2011) e segue sua carreira com 5 Vezes Chico – O velho e sua gente (2015).

Carla Camurati

32

Atriz importante das últimas décadas, fez um marco dos anos 90 – Carlota Joaquina, Princesa do Brasil. E teve carreira até 2006 com os filmes Irma Vap – O retorno Copacabana (2001). Também já dirigiu óperas.

Ana Carolina

33

Talvez a diretora brasileira mais importante, teve carreira ao longo das décadas de 60 a 80 e retorna nos anos 2000 e 2010 com três longas: Amélia (2000),  Gregório de Matos (2003 ) e A Primeira Missa (2014).

Débora Diniz

4

Antropóloga, professora de direito e primoroza documentarista. Dirigiu os polêmicos e provocativos Solitário Anônimo (2007) e a Casa dos Mortos (2009) – indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

Ana Luíza Azevedo

777

Diretora que fez Barbosa (1988) com Jorge Furtado. Foi seu primeiro curta e o seu primeiro longa veio em 2008 com Antes que o mundo acabe. Sua carreira na TV é extensa, alguns dos produtos são: Fantasias de uma Dona de Casa (2008-2009), O Padeiro e as Revoluções (2007), O Bochecha (2002).

Betse de Paula

8989

Um dos principais nomes da comédia no Brasil, fez três longas com um espaço de 4 a 8 anos entre cada um. Os filmes são: Vendo ou Alugo (2013), Celeste & Estrela (2005) e O casamento de Louise (2001).

Tânia Cypriano

900

Documentarista com carreira internacional que já colocou filmes em canais de TV como PBS, History Channel, NHK, GNT e Channel 4. Grandma Has a Video Camera (2007) e Saúde e Fé (2003) são alguns curtas seus nos anos 2000.

Juliana Sakae

45645

Cineasta e ativista que já foi exibida em Toronto e Los Angeles. Gev (2014), Aftermath ( 2013), Nino ( 2013), Bleu et Rouge (2010) são seus filmes como diretora.

Julia Bacha

5656

Seus filmes são Encounter Point (2006) e  Budrus (2009). Cineasta que já foi exibida na BBC, HBO, Al Jazeera e Al Arabiya. Começou sua carreira no Cairo, Egito. Seus filmes também já passaram nos festivais de Sundance, Tribeca, Berlin, Jerusalem e Dubai.

Roberta Marques

44444

Estou cinema na Holanda. Curtas Linha do Horizonte (2002), Acorda (2005), Looking forward (2007), Looking forward – man and woman (2009). Longas Deixa ir (2005) e Rânia (2012).

Iara Lee

55555

Seu trabalho está concentrado principalmente no Oriente Médio e África. Seus filmes tem um tom de militância e de ativismo. Curtas: The Kalasha and the Crescent (2013) e Battle for the Xingu (2009). Longas: The Suffering Grasses (2012) Cultures of Resistance (2010).

Eunice Gutman 

5656565

Cineasta brasileira esquecida que começou nos anos 70 e produz até hoje. Alguns de seus trabalhos recentes são: Dirce, ainda em produção, Nos Caminhos do Lixo (2008), As Catadoras de Jacutinga (2009) e foi responsável pelo projeto Memória Viva, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher/RJ.

Theresa Jessouroun

23232

Documentarista que já trabalhou em diversas funções no cinema, seu filme À Queima Roupa (2015) ganhou os prêmios de Melhor Documentário e Melhor Direção de Documentário no Festival do Rio de 2014. Quando a Casa é a Rua (2012) e Samba (2001) são os seus outros filmes.

Mara Mourão

90909

Uma das principais diretoras de comerciais do Brasil, fez publicidades para o Bradesco e Fiat. Dirigiu o documentário com temática da saúde – Doutores da Alegria (2005) e Quem se importa? (2012) sobre empreendedores sociais.

Sandra Werneck

0000

Também dirigiu alguns comerciais importantes, além de fazer Cazuza – o tempo não pára (2004), Meninas (2005) e Sonhos Roubados (2010). Atua como cineasta desde os anos 70.

Menções honrosas: Tizuka Yamasaki, Suzana Amaral, Gilda de Abreu, Tetê Moraes, Estela Renner, Tereza Trautman, Carmen Santos, Carine Adler, Claudia Priscila, Clarissa Campolina,