Os 10 melhores filmes nacionais de ficção científica

por Gustavo Menezes

Há quem diga que ficção científica é gênero inexplorado pelo cinema brasileiro. Esta lista surgiu para provar o contrário, e para divulgar filmes que mereciam ser mais conhecidos.

Não podemos esquecer de agradecer imensamente à Filmoteca do Horror Brasileiro, cujo acervo foi fundamental para fazer esta lista.

10. O Homem do Futuro (2010)
Direção: Cláudio Torres

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Começamos com o que é, provavelmente, o mais famoso representante tupiniquim do gênero. Este filme cheio de referências à cultura pop envolve viagens no tempo, romance e comédia, bem no estilo da trilogia De Volta Para o Futuro (Robert Zemeckis, 1985-1990).

9. Quem é Beta? (1972)
Direção: Nelson Pereira dos Santos

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Obra menos conhecida de Nelson Pereira dos Santos (Rio 40 Graus, Vidas Secas), esta co-produção francesa traz uma trama abstrata sobre um Brasil pós-apocalíptico em que um casal é perseguido por hordas de famintos em busca de comida.

8. Jardim das Espumas (1970)
Direção: Luiz Rosemberg Filho

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Filme marginal pós-apocalíptico que mistura nazi-fascismo, alegoria política, ficção científica e até uma interessante discussão sobre o cenário do cinema nacional da época. Impressionante que, mesmo fazendo alusões aos sequestros e aos horrores dos porões da ditadura, o filme foi liberado pela censura.


7. Abrigo Nuclear (1981)
Direção: Roberto Pires

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Roberto Pires não só inaugurou o longa-metragem na Bahia (com Redenção, de 1959), como também a ficção científica baiana. Acostumado a usar inventividade pra resolver a falta de dinheiro em suas produções (chegando, por exemplo, a criar a própria lente cinemascope), ele construiu todos os cenários com material reciclado. Combina com o filme, que fala de uma sociedade pós-apocalíptica confinada num abrigo subterrâneo por consequência dos impactos da energia nuclear no planeta.

6. Amor Voraz (1984)
Direção: Walter Hugo Khouri

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Neste filme com ares de Teorema (Pier Paolo Pasolini, 1968), Khouri uniu suas tradicionais divagações sobre as ânsias da burguesia à história de um extraterrestre que vem à Terra e passa a exercer forte influência sobre a mente de uma mulher infeliz.

5. Os Cosmonautas (1962)
Direção: Victor Lima 

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Nesta chanchada da Herbert Richers, Ronald Golias e Grande Otelo interpretam dois trapalhões que acabam se metendo numa missão de viagem espacial motivada pelo ufanismo de um político populista e de um cientista determinados a colocar o Brasil na lua antes dos americanos e dos soviéticos. Um filme simplista como é de praxe das chanchadas, mas crítico.

4. A Máquina (2005)
Direção: João Falcão

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Filme que mescla romance, comédia e viagem no tempo, sobre um rapaz que mora em uma cidadezinha no interior do Nordeste que precisa ir à cidade grande para conquistar uma moça. Um dos últimos trabalhos do veterano Paulo Autran.

3. Branco Sai, Preto Fica (2014)
Direção: Adirley Queirós

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Mistura de documentário com ficção científica, este filme ambientado numa cidade-satélite de Brasília usa a história da chegada de um viajante do futuro como gancho para abordar temas como racismo, violência policial e exclusão social. É um contundente manifesto contra a desigualdade e o descaso do poder público, e também contra o processo de exclusão na capital federal. Confira nossa crítica.

2. O 5º Poder (1962)
Direção: Alberto Pieralisi

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Suspense hitchcockiano sobre um jornalista que descobre um complô internacional para controlar as mentes de todos os brasileiros usando os meios de comunicação (repare bem: isso foi feito mais de vinte anos antes de Eles Vivem (John Carpenter, 1988). Conta ainda com eletrizantes sequências de perseguição por pontos turísticos do Rio, como o bonde do Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.

1. Brasil Ano 2000 (1969)
Direção: Walter Lima Jr.

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Com trilha sonora de Gilberto Gil e Rogério Duprat, esta mistura inusitada de musical, chanchada e ficção científica é talvez o melhor representante do tropicalismo no cinema. Usando de uma alegoria intrigante sobre um Brasil pós-apocalíptico e sem rumo, o filme analisa a mentalidade e os complexos do povo, bem como os delírios de grandeza de seus dirigentes. Leia nossa crítica.